MEU PESO

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O MONOLOGO DA MINHA PRÓPRIA MORTE (parte 1)

Não! Eu não morri! Também não ressuscitei! Ainda estou vivo!Bom... ... Acho que estou! Mas não posso afirmar isso com absoluta certeza.
Dizem que notícia ruim corre rápido, então quis por isso a prova. Coloquei ao lado do meu nome no Orkut a palavra  FALECIDO. E assim ficou, Adriano Figueiredo Amores FALECIDO!!! Hahahaha! Estranha sensação brincar com a própria morte! Mas parece que a notícia ruim não corre tão depressa assim! Ou isso não foi uma notícia ruim? Será que minha morte é um bem pra humanidade?Já fazem duas horas que coloquei isso lá e até agora ninguém me ligou pra perguntar se eu estou vivo... Mas quem ligaria pra um morto né? Seria cômico alguém ligando no meu celular e me perguntando se eu estou vivo!!! Ainda há pouco o telefone tocou, fui correndo atender, achando que era alguém querendo saber quando seria o enterro... Que decepção, era apenas uma pessoa querendo cancelar uma reunião com minha esposa!!  Como será que as pessoas  vão reagir no dia em que eu morrer? Michael Jackson jamais saberá o que aconteceu com seus familiares, as brigas, o tempo que demorou pra enterrar seu corpo, as homenagens nunca feitas enquanto estava vivo.
Quem seria o doido de imaginar sua própria morte? Acho que teve alguém que ficou famoso escrevendo sobre isso... não me recordo quem... Mas é famoso!!!! Então resolvi escrever o Monologo da minha própria morte. Seria mais interessante e mais engraçado se fosse o monólogo da vagina ou do pênis, ou quem sabe até mesmo do ãnus.  A vagina alguém já escreveu sobre ela! Já está muito vulgarizada pelo excesso de uso. O pênis anda meio caído, meio derrubado, cabisbaixo então é melhor nem mexer com ele. Dizem que é depressão pós coito. Sobraria o ãnus para meu monólogo, mas ultimamente tem tanta gente tomando no ãnus que é melhor deixar o oriundo relaxar! Relaxar! Essa é a palavra que deveria definir a vida. Todo mundo vive muito estressado, nem parece que todos nós fomos feitos de uma boa gozada, ou pelo menos quase todos!
Quem nunca passou por um momento na vida em que tudo parecia um grande emaranhado de fios e desejou não estar ali. Ninguém tem uma vida perfeita e cem por cento feliz, isso é natural do ser humano. Ora reclamamos porque estamos muito magros, ora por estamos gordos, reclamos por que o telefone tocou na hora em que queríamos descansar, também reclamamos que ninguém ligou no dia no nosso aniversário. Reclamamos porque chove, porque ta quente, porque ta frio, porque garoa, porque venta demais, porque está abafado. Reclamamos, reclamamos e reclamamos. Murmuramos, questionamos, resistimos, nos fechamos!
Imaginar sobre minha própria morte me fez refletir sobre muitas coisas da vida. Em cerimônias fúnebres é comum ter alguém dizendo palavras sobre o falecido, alias, todo mundo que está presente ali tem alguma memória boa ou não do pobre coitado do falecido. Geralmente são escolhidas algumas pessoas para falar publicamente. E essa pessoa ressalta todas as qualidades dessas pessoas. Parece que o individuo nunca errou, nunca foi rude, nunca teve um momento ruim na vida, nunca brigou com o cônjuge, nunca magoou ninguém e que o céu já lhe está garantido. Fiquei imaginando eu mesmo dirigindo a minha própria reunião fúnebre!Acho que seria assim:
 Primeira coisa, adoro flores, mas aquela coroa é ridícula e fede morte! Ou será que o morto que está fedendo sou eu? Fora aquela coroa de flores. Se for mandar flores, mande uma com um perfume melhorzinho. Sou um morto exigente!
Já pode descartar a idéia de cremar! Esse corpinho é muito lindo e só eu sei o trabalho que tive pra conservar e até mesmo consertar ele. Virar churrasco não! Não combina com a minha cútis. Mamãe fez com tanto carinho e você fica querendo destruir tudo. Vai te catar!
Essa é uma ocasião que deveria ter uma lista de convidados. Tem pessoas que não podem faltar e tem outras que eu dispenso, sei que vão lá só pra tomar o chá e comer aquela bolacha água e sal sem gosto e ainda por cima sair falando mal de mim. Tudo bem, pode falar mal, mas não me deixe escutar, porque se eu souber eu volto e faço um barraco na sua casa! Eu boto fogo no seu colchão, eu faço prato voar, eu desligo a TV e nem o Padre Quevedo vai me conseguir explicar. Por isso sou contra de ir qualquer pessoa! Já te convidei pra ir a minha casa? Já te chamei pra ir a minha festa de aniversário? Você esteve no meu casamento? Então o que você está fazendo aqui? Aposto que ta enchendo a barriga de chá e falando mal de mim, ou contando piada! É claro você pode ir se for muito amigo de um dos meus filhos ou esposa. E estiver ali pra consola-los! E pode colocar roupa preta, eu acho chique e também da aparência de que você está mais magro! Se chover na hora do enterro melhor ainda, fica mais chique! Eu sou uma pessoa fina!!! (risos) Se você não me conhece vai acreditar que eu ligo pra isso, quem me conhece sabe que meu traje favorito é bermuda, camiseta e tênis.
O caixão! Esse é um item importante, afinal vou passar muito tempo dentro dele! Tem que ser confortável! Não sei dormir sem travesseiro então isso é um item fundamental no meu caixão. Não precisa ser nada chique, mas também não vamos esculachar, se o fundo do caixão cair mais pratos vão voar! E outra, eu sou claustrofóbico, da pra deixar alguma coisa aberta? Se eu acordar e estiver tudo trancado eu morro novamente de tanto pânico.
Uma música de fundo vai ajudar a tirar o clima pesado. Não! Nada de musica sacra! Ta fora de moda! Poe Shakira! Melhor coisa! E não assuste se eu mexer os ombros, afinal é Shakira!

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