MEU PESO

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Uma Casa Modesta


“Eu comprei uma casinha tão modesta. Eu sei você não liga pra essas coisas”. Da música DIGA SIM PRA MIM, cantada pela Isabella Taviani e ouvindo ela no carro fui surpreendido com o seguinte comentário: “eu não quero uma casinha modesta!” Meu primeiro pensamento foi melhor eu ficar calado, mas a indignação não deixou e a resposta saiu: uma casa não precisa ser grande ou bonita pra ter felicidade, a felicidade é feita pela pessoas que habitam na casa e não no seu valor material. E mais uma vez tive que ouvir “uma casa precisa de conforto”. Concordo que de fato viver com conforto é bom, porém não é tudo! Acredito que minha casa tem conforto, porém quantas vezes não tive vontade de voltar pra casa, quantas vezes trabalhar até mais tarde era mais confortável que ficar em casa, quantas vezes caminhei por horas, porque minha casa me causava desconforto. Quantas vezes preferi dormir a desfrutar das compânia das paredes recém pintadas. Claro que eu queria ter uma televisão de 200 polegadas, mas minha felicidade não depende disso. De que adianta ter sofá lindo e não poder sentar nele porque ele é novo? Ainda aposto que a felicidade está nos gestos das pessoas que “convivem juntas” ( e uso essa redundância por saber na prática que é possível sim “conviver separado”)
Ainda lembro quando eu morava com meus avós no sítio. Não tinha energia elétrica, o piso era terra batida, paredes de madeiras com alguns buracos, telhas de barro que algumas vezes eram levadas pela chuva e vento, fogão a lenha e até mesmo dormi em colchão de palha, o comércio mais próximo ficava a 14km dali. Porém, mesmo com toda essa simplicidade, não lembro ter vivido mais feliz do que naquela época. Ver meu avô levantando mais cedo pra preparar o café todos os dias e levar pra minha vó ainda na cama, era algo que eu admirava muito. Nessa mesma época tive uma conjuntivite, medico era algo que não tinha ali perto, e eu acordava com os olhos grudados pela secreção da conjuntivite, e como eu não conseguia abrir os olhos, eu chama meu avô dizendo: “Pai Véio (era como eu o chamava) eu acordei!” e ele vinha com um pano úmido na água morna limpar meus olhos com todo carinho até eu poder abri-los. Viver ali era um sonho! Era uma casa modesta e por isso a preocupação era com as pessoas e não com as coisas. Não quero dizer todavia que não quero conforto! Claro que quero! Mas como eu já escrevi em algum lugar nesse blog, caixão não tem gaveta. Ninguém é lembrado pelo que tem, mas pelo que é! E se a pessoa for lembrada só pelas suas posses, mesmo que sejam muitas, essa pessoa teve uma vida miserável.
Uma casa modesta com pessoas que são cúmplices se torna um lar, um pedacinho do céu! Um castelo pode não passar de uma masmorra se seus moradores se sentirem preso ou escravos.
Eu quero ser rico! Quero ser rico de amigos, rico de amor, rico de compreensão... No final é isso que importa! Quando passamos a maior parte do tempo preocupados conosco mesmo, e procuramos somente a nossa própria felicidade, querendo ser apenas receptores, nunca conseguiremos ser completos e conseqüentemente nunca teremos uma lar com alicerce seguro. A felicidade vem através da doação de si mesmo!
E como comecei o texto com um música, também termino esse com uma música que era cantada pela Elis Regina: “Eu quero uma casa no campo onde eu possa guardar meus amigos, meus livros e discos e nada mais”

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